Agora que já aprendemos sobre a
Origem das Bebidas Alcoólicas no mundo, vamos voltar no tempo e entender como surgiu a cachaça no Brasil.
Cachaça no Brasil Colônia
Foi em 1518 que ocorreu a primeira instalação de um engenho no Brasil, época em que foi registrada pela primeira vez a entrada de açúcar brasileiro na alfândega de Lisboa.
Contudo, considera-se que a verdadeira indústria do açúcar foi implantada na Colônica somente a partir de 1530, com a chegada do governador-geral Martim Afonso de Souza.
Em 1530, os primeiros donatários portugueses decidiram começar os empreendimentos, implementando o engenho de açúcar aqui, com conhecimento e tecnologia adquiridos no sul da Ásia e já aplicados em Portugal, na
Ilha da Madeira, que foi o primeiro núcleo luso de produção de açúcar.
Engenhos de Cana-de-Açúcar
Graças á intenção de produzir açúcar, surgiram no Brasil colonial os primeiros núcleo de povoamento e agricultura.
A geração inicial de colonizadores apreciava a bagaceira portuguesa e o vinho do porto. Assim como a alimentação, toda bebida alcoólica aqui consumida era importada da metrópole. Depois, em algum engenho, foi descoberto o vinho de cana-de-açúcar, que é o resultado do caldo de cana fermentado, além de outros subprodutos da produção do açúcar, como o melaço misturado à água.
Desde meados do século XVI até metade do século XVII, os engenhos se multiplicaram.
A necessidade de mão de obra levou os donos dos engenhos a tentar primeiro, sem sucesso, escravizar os indígenas. Então, optaram por trazer escravos da África. Décadas depois, a cachaça, um destilado dos subprodutos da produção do açúcar, melaço e espumas fermentados, serviu de troca no comércio de escravos.
Os senhores de engenho dominaram a economia e a política brasileira por séculos, desde a época colonial, passando pelo Império e chegando à República, embora ao longo dessas épocas tenham tido fases de declínios e reerguimentos.
Em 1549, Pernambuco já possuía 30
engenhos-banguê, a Bahia, 18, e São Vicente (São Paulo), apenas dois. A lavoura da cana-de-açúcar era próspera e, meio século depois, a distribuição dos engenhos perfazia um total de 256.
O ciclo da cana-de-açúcar representou um dos momentos de maior desenvolvimento econômico do Brasil Colônia e foi durante muito tempo a base da economia colonial.
O senhor de engenho era um fazendeiro proprietário da unidade de produção de açúcar, que utilizava a mão de obra escrava indígena e africana.
O núcleo de produção de açúcar era instalado em fazendas enormes, onde se praticava a monocultura, a plantação apenas de cana-de-açúcar e tinha como objetivo principal a venda do produto para o mercado europeu.
A lavoura desse tempo do Brasil colonial também teve expressão na produção de tabaco e algodão.
O Brasil se tornou o maior produtor de açúcar nos séculos XVI e XVII. As principais regiões açucareiras inicialmente eram Pernambuco, Bahia, São Paulo e parte do Rio de Janeiro, onde havia produtores secundários da região de Campos, no baixo vale do Paraíba do Sul.
Posteriormente, com o fim da capitania de Itamaracá, que era uma das maiores produtoras no seu sudeste, a Paraíba também entrou nesse seleto grupo. A Paraíba, na altura das invasões holandesas, teria quase duas dezenas de engenhos.
A Cachaça dos Engenhos
Nos engenhos de cana, o que restava da produção de açúcar era dado aos escravos e aos animais. Este resíduo era a borra do melaço fermentada, conhecida como 'vinho de cana'.
Esta borra é chamada até hoje pelos espanhóis de
cachaza. Foi então que alguém teve a ideia de usar a técnica de Avicena e destilar este resíduo obtendo um destilado com alto teor alcoólico.
Surgia, assim, a cachaça, como a conhecemos e, desse modo, ela pode ser considerada um subproduto derivado do
ciclo da cana-de-açúcar, a primeira grande riqueza agrícola e industrial do Brasil, que teve início quando foi simultaneamente introduzida nas suas três capitanias:
- Pernambuco
- Bahia
- São Paulos
A primeira Cachaça do Brasil
Os historiadores são unânimes em afirmar que o primeiro lugar do Brasil a produzir aguardente foi a Capitania de São Vicente, onde hoje fica o estado de São Paulo, já que lá é onde foi instalado o primeiro engenho real de cana.
Há registro de oito engenhos que no final do século XVI produziam a cachaça, isto é, bem antes de os ingleses iniciarem a produção de rum no Caribe, em um processo semelhante.
Até meados do século XX, os engenhos eram a principal indústria sucroalcooleira, esteio da economia do Brasil e, em especial, de Pernambuco, Piauí, Paraíba, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe, Ceará e São Paulo.
Com a evolução da agroindústria e o aparacimento das usinas de açúcar e de álcool, os engenhos, obsoletos, foram sendo desativados gradativamente.